O Caso do Morro da Mariquinha em Sorocaba-SP

O Morro da Mariquinha já foi motivo de atração de milhares de pessoas a Sorocaba, no final da década de 70, num estranho episódio que ficou conhecido como “Caso Mariquinha”.

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Tudo começou na madrugada de 8 de janeiro de 1979, quando uma viatura da Polícia Militar foi surpreendida pelo pedido de ajuda do mecânico Sérgio Pregnoletto, que visivelmente abalado, dizia estar sendo perseguido por uma luz misteriosa, em pleno centro da cidade.

O relato do mecânico dava conta de que um objeto luminoso, de grande resplandecência, apareceu sobre o capô de seu carro quando ele se preparava para entrar na garagem de sua casa. “Era quase como se fosse dia”, disse. Temendo por seus familiares, ele saiu em busca de socorro. O objeto luminoso sobrevoou a avenida Nogueira Padilha, deixando o motorista do veículo em pânico.

A vítima foi atendida pelos soldados, que imediatamente iniciaram uma ronda para verificação dos fatos e acabaram vendo o objeto. Transmitido o alarme para as demais radiopatrulhas de plantão, em pouco tempo, oito equipes da PM estavam envolvidas na operação.

Seguiu-se um intenso movimento, que acabou em frente à pedreira São Domingos, ao lado do Morro da Mariquinha. Patrulheiros da viatura n° 13, os policiais militares Pandulfo e Sérgio Costa declararam depois, que enviaram sinais de luz em direção ao objeto, com o holofote do veículo.

Em depoimento aos jornalistas, na época, os policiais disseram parecer que o objeto respondia, mudando a intensidade das luzes quando eles acendiam os holofotes.

O objeto estranho permaneceu no local até o dia raiar, quando então sumiu. Mas para surpresa geral, reapareceu no outro dia!

No dia seguinte à primeira aparição, a notícia já era de domínio público e o local virou centro de atenção de curiosos e estudiosos de várias localidades.

No dia 10 de janeiro de 1979, o Jornal Cruzeiro do Sul noticiava que a luz misteriosa foi avistada novamente rondando o céu sorocabano. “Desta vez a aparição foi precedida de estranhos fenômenos como uma explosão luminosa nas proximidades da Represa de Itupararanga e um blecaute, que por duas vezes deixou a cidade às escuras”.

A notícia dizia, ainda, que as luzes surgiram no mesmo lugar de antes, a pedreira São Domingos, e que mais de 50 pessoas estavam a postos para observá-la: “Surgiu inesperadamente logo após uma explosão sem ruídos e com muita luz. Em seguida, luzes da cidade se apagaram e nem mesmo a ‘Light’, antiga companhia de energia da cidade, conseguiu uma explicação convincente para o fenômeno”, conta Jorge.

Morro da Mariquinha, em Sorocaba, onde, segundo ufólogos, houve contato com uma nave extraterrestre.

Testemunhas da época relataram aos jornais, que o objeto parecia ter levantado do próprio chão, ficando suspenso sobre o morro, e suas luzes, de tonalidade azul, amarela e às vezes vermelha, eram tão intensas que ofuscavam a visão. Movia-se muito lentamente.

Finalmente, no dia 13 de janeiro daquele ano, mais de 5 mil pessoas vieram ao morro ver o objeto, ocupando cerca de mil veículos entre carros, ônibus e caminhões, que se postaram no quilômetro 95 da rodovia Raposo Tavares, à espera do suposto OVNI. Mas, naquele dia, ele não apareceu lá, mas na Fazenda Ipanema, em Iperó.

“Foi observado por uma equipe inteira da polícia rodoviária, a quilômetros de distância”, lembra Jorge.

Jorge conta que, em três semanas do ocorrido, binóculos e telescópios desapareceram das lojas. Os jornais diziam que os fatos já haviam chegado ao conhecimento da NASA.

“Até o extinto supermercado ‘Vem-Ká’, na Avenida Nogueira Padilha, que havia sido sobrevoado pelo OVNI, entrou na onda e lançou propaganda valendo-se do ‘interesse dos ETs por seus preços baixos’!”, conta Jorge.

Um ano antes da eclosão do Caso Mariquinha, foi formado o primeiro grupo de estudos do tema na cidade, na casa do professor Renato Lourenço, no Além Ponte. O grupo autodenominou-se Associação Sorocabana de Exobiologia e contava com aproximadamente 20 pessoas. Algumas vezes as reuniões aconteciam nas dependências do Zoológico Quinzinho de Barros, com autorização obtida por um funcionário do Zôo, que integrava a equipe.

Conforme lembra Jorge, ainda em janeiro de 1979, curiosamente uma semana após os fatos ocorridos em Sorocaba, a mais alta corte inglesa, a Câmara dos Lordes, abriu uma histórica discussão sobre a questão dos OVNIs.

Da mesma maneira curiosa, pouco depois de um mês do acontecido em Sorocaba, procedeu-se em São Paulo, a abertura do 1º Congresso Nacional de Ufologia, acontecido entre 15 e 17 de março de 1979, reunindo os maiores pesquisadores do país, com destaque para o já falecido astrofísico norte-americano J. Allen Hynek, do Projeto Blue Book, considerado a maior autoridade mundial no estudo de OVNIs.

Mas, coincidências à parte, o Caso Mariquinha marcou a memória das pessoas que tiveram a chance de testemunhá-lo. Tanto que no dia 9 de janeiro de 2009, há exatos 30 anos do ocorrido, um encontro foi organizado no Gabinete de Leitura Sorocabano, para relembrar o caso.

“O encontro reuniu repórteres, testemunhas da época, estudiosos e interessados no tema. Pudemos conhecer diversos testemunhos de pessoas que, na época, não quiseram aparecer. Aliás, esse é um dilema com o qual o ufólogo tem que lidar. Perdemos relatos de histórias fascinantes porque muita gente, temendo cair no ridículo, prefere não se manifestar”, diz Jorge.

Para ele, não estamos sozinhos no universo e nosso planeta é rota de passagem de seres de consciência elevada. “Assim como nós, existem os bons, que apenas nos observam pacificamente, e os maus, que interferem em nosso meio em busca de material para pesquisas sobre nossa raça. Acredito que um dia, iremos nos encontrar”.